Voltar a uma sala de aula como aluna, após quatro longos anos desde minha última experiência (que durou apenas 1 semestre), não é fácil, nem me deixa tranquila. Não é pelo medo de me jogarem ovo no cabelo, nem pelos possíveis trotes, o medo é o meu medo, as lembranças terríveis que tenho dos tempos de escola.
Crianças podem ser malvadas. Não vou nem citar os meninos, mas também as meninas, das quais me aproximava para tentar ser aceita e que suas outras amigas-iguais, querem a atenção exclusiva e não querem dividir com 'alguém' indefinido e sem graça.
Adolescentes podem ser cruéis, e quase sempre o são. Fui ofendida e perseguida por anos e por este motivo a hora do recreio era o meu maior tormento, passei a me trancar na biblioteca e ficar la, estudando, lendo (ao menos algo de bom).
Ter sido vítima de bullying (que na época nao se falava nem se era difundido como hoje) foi algo marcante e traumatizante. Por sorte, não afetou em minhas notas, pelo contrário, sempre fui uma boa e dedicada aluna (tire física e matemática ta?). A minha situação era ainda pior, eu era completamente apaixonada pelo meu colega de sala e isso se tornou notório, pois tentava ajudá-lo nos trabalhos, nas tarefas, nas provas, queria fazer carinho e virei motivo de perseguição e de discriminação na escola. Quando finalmente fui encaminhada para a pedagoga, ela me disse para ocultar e mascarar meu comportamento para ter uma boa vivência escolar. Isto, num colégio particular dos mais tradicionais da cidade. Quando eu a vejo (vez ou outra) pela cidade, tenho vontade de parar e dizer o quanto ela foi cruel e incompetente com uma adolescente de 14 anos.
Tudo isso e mais um pouco me marcou, minhas duas faculdades que comecei e não terminei, por medo, por receio, dessa vez surge diferente. Nenhum problema com documentos, com nomes, com medos do "e se", com a força da família, do amado, dos amigos, ergo a cabeça (fisicamente ao menos) e hoje enfrento a turma, ao menos fazendo algo que amo, que adoro e que totalmente me identifico.
Se tem algo que meus filhos vão ter em casa, é educação, é respeito pelo diferente, é aprender a conviver, pois ser diferente, é normal.