terça-feira, 30 de setembro de 2008

Documentário "Meu eu secreto" - Parte 1


Eu não conhecia o documentário "Meu eu secreto" ("My Secret Self") exibido no programa 20/20 da rede americana ABC em Abril 2007.

Acabei achando por acaso, procurando no youtube (link original http://br.youtube.com/watch?v=Utpam0IGYac )e fiquei tão, mas tão emocionada, é um documentário tão bem feito e tão esclarecedor, que não me contive, baixei as 5 partes do documentário, usei do meu conhecimento em inglês e fiz legenda para assistir com meus pais.

O documentário fala de três jovens portadores da síndrome do transtorno de identidade de gênero(também conhecidos como disfóricos ou transgêneros ou transexuais ), tendo o mais velho 17 anos e a mais nova 6 anos. A vida em família, a descoberta do problema, as causas, as adaptações, a aceitação.

Gostaria muito que programas instrutivos desse nível chegassem a televisão brasileira, ou que fossem tomados como exemplo para adaptações.

Segue abaixo a primeira parte do documentário (legendada por mim), tão logo tenha as outras, postarei:


Foto: Riley, uma transgênero de 10 anos, e a apresentadora/narradora Barbra Walters.

sábado, 13 de setembro de 2008

Vivendo anonimamente

é o termo utilizado para descrever a situação de quem se submete a CRS (cirurgia de readequação sexual), retifica seus documentos e basicamente começa uma vida do zero, no sentido de camuflar e/ou omitir o seu passado.

Esta é uma tarefa difícil, levando-se em conta que a grande maioria das que conseguem de fato a cirurgia, o fazem depois dos 20 anos, muitas vezes 30, ou seja, é complicado apagar 20 e poucos anos de história de vida, pessoas que conheceu, deixar tudo isso pra trás, e não apenas pelo aspecto emocional, falo mais no medo de alguém nos descobrir, uma pessoa que nos conhecia antes, e a nova-mulher ser exposta, ter seu passado revelado, e muitas vezes pela ignorância alheia, ser vista como alguém que enganou, uma falsa mulher.

Na verdade, muitas disfóricas não se importam em contar sobre seu passado e admitir que são de fato transgêneros (ou ex-transgêneros). Até mesmo porque, é dificil esconder todo o rastro do passado. Parece aqueles filmes de espionagem, de suspense, em que a pessoa cria uma nova identidade para fugir de alguma coisa, mas no nosso caso, a identidade feminina sempre foi nossa, verdadeira, desde pequena, mas poucos entendem isso.

Não é fácil imaginar ou escutar "você já foi homem um dia", e sentir-se diminuída ou menos mulher por isso, mas sabemos que para uma pessoa lhe dizer isso, ou é falta de instrução ou maldade mesmo. Já pensei em me mudar para o outro estado, para outro país, como se uma nova pessoa nascesse do nada, sem passado, vivendo a constante ansiedade de que alguém possa saber ou vir a descobrir o grande segredo, mas isso seria justo comigo? Com as pessoas que me amam e que me acompanharam nessa jornada? Pra mim, a resposta é Não.



Se ninguém soubesse de nada do passado de transexuais como Roberta Close, ou Maite Schneider, ou Rudy Pinho, elas seriam muito mais respeitadas e admiradas, recebendo os benefícios que toda a mulher atraente e bem sucedida possui em nossa sociedade, quem sabe até mesmo os melhores pretendentes, por sermos fortes, decididas, qse sempre altas, e isso ser atraente aos olhos masculinos.


Mas não é o que ocorre de fato, pois a maioria dos homens não suportaria a idéia de se envolver com "um traveco", como muitos se refeririam a tal situação e como muitos confundem os termos transexuais/travestis. Portanto, por mais femininas que elas sejam, quando sabe-se da transexualidade (ou da ex-transexualidade), a grande maioria desses homens interessantes, iria embora, por não suportar a pressão em cima deste fardo.




Certamente temos todo o direito a uma vida plena, com tudo aquilo que nos foi negado durante boa parte de nossas vidas, como sempre digo, o que todas as pessoas "normais" tem desde o primeiro ano de vida, nós levamos o que? 20? 30? 35 anos pra conseguir? Portanto, temos o direito de sermos felizes, estar em paz com nossas vidas, poder trabalhar, ter amigos, um namorado/marido bacana e evitar sim, a todo custo o preconceito dos medíocres.


Mas continuo convícta ainda, que quando você encontrar Aquele homem, você vai sentir que é ele, que ele é O homem, o que voce esperou sua vida toda, voce tem a obrigação de ser sincera com ele. Obviamente que não no primeiro ou no segundo encontro, e sim após ele ter te conhecido e ter realmente se apaixonado por voce, por quem você é de verdade, voce o sentir no seu coração e ele a sentir no dele, este sim é o momento de você partilhar o grande aprendizado que Deus lhe proporcionou nesta jornada maravilhosa, chamada Vida.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Die Wahrheit wird euch befreien - Joh 8:32


Na vida de uma "nova"mulher, há sempre esse dilema crucial... chegar para um homem legal, aquele por quem voce está apaixonada e que voce sente q é correspondida e jogar a bomba na mão dele "olha, nao sou uma menina normal como vc acha ate agora, nasci com um defeitinho de fabrica, q ja foi corrigido, mas, nao acho legal te esconder isso."

Há chances dele ir embora e nunca mais voltar? Com certeza.
Há chances dele ir embora e voltar depois dizendo q aceita e ser mentira? Pode ser.
Há chances dele ir embora e voltar de coração aberto dizendo que te ama como vc é? É o q eu prefiro pensar dos homens com quem me relaciono.

Quando há paixão, ou até o amor (quem sabe) na história, nao sei pensar se é "melhor" ou "pior", sei q, com certeza, fundamental é ser honesta e jogar limpo, até pq nao acho vergonha alguma, e sim vejo tudo que passei como uma vitória, um alivio, e que meu companheiro sinta orgulho de mim.

Medo? Sem duvida, acredito q ouvir isso de quem você gosta (me colocando no lugar de ouvinte), deve ser muito dificil, deve mexer com sua masculinidade, deve colocar o receio dos "outros" descobrirem, da família, e esse risco existe, é controlado e díficil de ocorrer, mas existe. Não poder gerar uma criança, tb é um entrave pra quem tem sonho de ter um filho seu, com seu sangue, seus genes, continuar sua descendência, adoção é uma opção, mas nem sempre considerada ou bem aceita.

É algo que já passei uma vez, a reação dele foi espetacular, de completo apoio, incondicional, neste ponto, não tenho queixas.

Se já passei por tantas, por poucas e boas, por traumas e decepções, esse é apenas mais um obstáculo a ser vencido. Se ele nao aceitar, respeitarei sua decisao e continuarei em busca de uma pessoa pra chamar de minha.

Ps. A verdade vos libertará - João 8:32 (SEMPRE)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O sorteio na loteria...


Há tempos tinha vontade de têr um blog. Não sei, talvez vontade de expôr, de "vomitar" o que se passa pela minha cabeça, minhas aflições, as histórias engraçadas e dividir um pouco tudo o que aprendi e passei.

Primeira postagem aqui não podia deixar de falar do "sorteio na loteria". Pois bem, em cada 30mil¹ nascimentos de meninos, 1 destes sofrerá com um excesso de estrogênio no útero e/ou carrega o gene (ou a combinação de genes) que acarretará no transtorno de identidade de gênero, a disforia de gênero. Este caso é determinado de MtF (male-to-female, masculino-para-feminino), tendo sido o meu caso. Vale ressaltar também que a loteria é maior no caso oposto, ou seja, em cada 100mil¹ nascimentos de meninas, 1 destas será transexual FtM (female-to-male, feminino-para-masculino).

A confusão que se faz no que é referente a essa síndrome, é muito grande. Confundem com homossexualismo, com travestismo, com perversão ou até mesmo com "opção sexual". O transtorno de idêntidade de gênero, resumindo-se, nada mais é do que um hermafroditismo psíquico, ou seja, nasce-se com ambos os sexos, um psicológico e outro físico. As causas ainda estão sendo estudadas pela comunidade científica, mas muito provavelmente, tenha raízes na genética sexual, na estrutura químico-cerebral e num desarranjo hormonal intenso durante a gestação do feto.

A solução/tratamento? Aceitar-se, hormonizar-se, operar-se. Mas minha função aqui nesse blog não é colocar conversas científicas ou dados médicos ou dicas de hormonização e sim mostrar o quão normal é minha vida, apesar dos pesares.

Não sou depressiva nem uma pessoa "para baixo", mas faz uns dias que estou, deve ser coisa da TPMF (esse último F é de forçada, devido a hormonização constante).

Ps¹: Números estimados pela instituto Karolinska da Suécia, baseados nos seus estudos regionais durante mais de 30 anos de pesquisas, e tomado como referência mundial.
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