As vezes até eu acho que estou me tornando repetitiva, mas, fazer o quê, é a vida que me faz assim, queira ou não queira, está emperrada. Como vocês bem acompanham, desde quando fiz minha CRS em 2007, sai do hospital e dei entrada no pedido de retificação civil (adequação dos documentos.) Minha retificação saiu em Setembro 2008 e um mês depois foi revogada (houve recurso) por parte do Ministério Público Paulista e o mesmo foi encaminhado para a capital. Em Novembro o orgão entrou em contato solicitando uma conciliação da sentença, minha advogada acatou, mas desde então, nada de retorno. Quanto tempo vai levar pra que o ministério publico ou algum promotor se sensibilize, pegue a ação em mãos e resolva tudo de uma vez? Ano passado lembro que pensava "Ainda esse ano sai" e não saiu, agora, me pergunto, será que vai? São Paulo é foda nesse ponto, essa lentidão da justiça me mata, me agonia, me tira o sono!
' Engraçado' (oi?) é que nem estou pedindo muito, o processo de retificação pós-cirurgia já é via de regra aqui no Brasil, visto que não temos legislação a respeito, devido a lentidão da Senadora Fátima Cleide, que desde 2007 tem parado um projeto (já aprovado pela câmara) da qual é relatora, que viabilizaria a retificação quase que automaticamente.
O curioso é que as situações só se tornam constrangedoras quando apresento meus documentos, que ainda constam com meu nome de batismo, ou seja, meu físico feminino e natural atual não condiz em absoluto com o que consta lá no papel, masculino e testosteronado. Após o fato constatado e os olhares apavorados, eu não posso parar e relatar minha biografia, nem saco pra isso eu tenho. Dói? É chato? Desagradavel pra caramba? Me sinto mal? Oh! Só quem passa por isso sabe o que é! Voltamos naquela questão de um post meu antigo aqui, da importância do nome.
Na faculdade, eu só quero me preocupar com as provas, com os trabalhos e não com o nome masculino na lista de chamada; no trânsito, só quero ficar atenta aos sinais, as setas, as placas e aos motoqueiros, não com o policial preconceituoso de uma blitz; na balada, eu quero mais é me divertir, me preocupando apenas com quem vai me levar pra casa se eu ficar muito bêbada e não em chegar lá e ter de apresentar a identidade na recepção; e o cartão de crédito, ah o cartão de crédito, só quero ter certeza que vou ter dinheiro pra pagar a fatura.
Poderia não me importar, peitar o mundo e fingir q sou inabalável com essas coisas? Poderia, mas eu não sou assim. Quero logo minha retificação, o ofício do juiz em mãos, quero é ter Sarah lá no documento, lá no cartório, estudar, trabalhar, ter minha casa, casar, apenas levar uma vida que seja o mais normal possivel, sem causar, sem escrever um livro sobre minha história, muito menos servir de inspiração pra quem quer que seja.
Jovem bem nascida, inteligente, bem-humorada e inserida na sociedade escondendo o grande segredo de ter nascido diferente. Meus relatos, aflições, vitórias e decepções, aqui expostos anonimamente.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Alguém viu minha vida por aí?
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